A Inspiração da Bíblia
8.1 É verdade que a Bíblia é inspirada por Deus?
Sim. Por enquanto, a citação de uma de muitas passagens é suficiente: “Toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Tm 3:16 – RA).
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8.2 A inspiração é realmente tão importante?
Sim, absolutamente. Se a Bíblia não fosse inspirada, então ela seria apenas um outro livro da literatura mundial, sem au-toridade moral, espiritual ou prática. Ela não seria a revelação de Deus.
Sem inspiração não teríamos nenhuma Palavra de Deus. Nós perderíamos a base para qualquer ensino bíblico. Todos os numerosos princípios bíblicos, sobre a pessoa de Cristo e Sua obra redentora, sobre a Igreja, sobre o Reino de Deus ou sobre as profecias, todos eles só podem ser defendidos se o texto bíblico vier diretamente de Deus. Naturalmente, é necessária uma tradução confiável.
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8.3 O que significa inspiração?
“Inspirada por Deus” (2 Tm 3:16) significa expirada ou assoprada por Deus. Toda a Escritura foi expirada ou dada por Deus, i.e., ela vem diretamente de Deus. Uma descrição que pode ajudar a entender isso encontramos em Atos 1:16:
“Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus”. Isso é inspiração: Deus fala pela boca de uma pessoa, a qual Ele escolheu para esse propósito.
Os homens, pelos quais Deus escreveu a Bíblia, eram “inspirados pelo Espírito Santo.” (2 Pe 1:21).
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8.4 Mas a personalidade do escritor não influenciou em como e no que foi escrito?
Sim, em todos os casos. O estilo de João (simples, mas profundo) é bem diferente de Paulo (lógico argumentativo), e o estilo de Paulo é novamente diferente do de Pedro. Paulo estudou com o famoso mestre Gamaliel. Pedro era um simples pescador da Galileia que não havia concluído nenhum estudo superior. Deus usou ambos para atingir o Seu alvo desejado.
Deus também usou a competência do médico e historiador Lucas, que tinha condições de descrever detalhadamente o lado humano dos eventos. No Antigo Testamento, Deus usou as experiências de Davi para dar o conteúdo aos salmos, e Ele usou o talento poético de Davi para descrever os salmos com a força de expressão que eles têm.
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8.5 As escrituras são, portanto, humanas e, consequentemente, imperfeitas?
Não, nunca. Essas Escrituras correspondem exatamente à intenção de Deus. Cada palavra foi dada por meio dEle (veja 8.6).
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8.6 Como a Palavra pode ter o caráter do escritor e ao mesmo tempo ser a Palavra de Deus?
Pensemos em um escultor que está esculpindo uma estátua. Ele usa diferentes instrumentos. Em sua obra final poderemos ver as marcas que os diferentes instrumentos deixaram. Mas essas marcas apenas estão lá porque o escultor usou adequadamente os seus instrumentos para obter o resultado desejado. Do mesmo modo, Deus escolheu e usou as características e circunstâncias da vida de diversos escritores para alcançar o objetivo intencionado.
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8.7 Alguma vez o Senhor Jesus corrigiu algo que os escritores do Antigo Testamento escreveram?
Nunca. O Senhor citou frequentemente o Antigo Testamento, mas Ele nunca disse algo que indicasse que o escritor se enganou ou que pudesse ter cometido um erro. Sua aplicação das Escrituras mostram que Ele as considerava como tendo total autoridade (veja p. ex.: Mt 4:4,7,10; 21:16; 26:31,54; Lc 4:17-21; Jo 17:12). Em Mateus 5:17 Ele esclarece:
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir”
É verdade que há citações no Novo Testamento um pouco diferentes das passagens do Antigo Testamento. Mas uma análise profunda do texto mostra que Deus usou essas diferenças intencionalmente para um determinado fim (compare p. ex. Sl 68:18 com Ef 4:8; ou Sl 40:6 com Hb 10:5).
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8.8 Os escritores compreendiam o que eles mesmos escreviam?
Não necessariamente. Dos profetas do Antigo Testamento é dito que: “Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir” (1 Pe 1:10-11). Os escritores do Novo Testamento entendiam, em geral, o que escreviam. Podem haver exceções no Apocalipse, onde João, provavelmente, não pôde entender plenamente a extensão de suas visões.
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8.9 O Senhor deu as palavras ou apenas o conteúdo?
Deus deu as palavras. Paulo esclarece que os apóstolos ensinavam palavras do Espírito Santo (1 Co 2:13). Esta tem sido a regra desde os tempos mais antigos, nos quais o Senhor disse acerca do verdadeiro profeta: “porei as minhas palavras na sua boca” (Dt 18:18,20). Moisés registra no capítulo 29 de Deuteronômio: “Estas são as palavras da alinaça que o Senhor ordenou a Moisés que fizesse com os filhos de Israel, na terra de Moabe,” (Dt 29:1). Davi também se expressa assim: “O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra está na minha boca.” (2 Sm 23:2). Veja também Esdras 7:11; Zacarias 7:12 e Apocalipse 22:18,19. Todas essas passagens se referem às palavras que o Senhor falou.
O Senhor disse: “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mt 5:18). O Seu uso do Antigo Testamento demonstra a absoluta confiabilidade das palavras dessas Escrituras (veja p. ex. Mt 22:31,32,43,44).
Em Gálatas 3:16, o Apóstolo indica que em Gênesis 22:18 está escrito “à tua descendência” e não “às descendências”. Ele baseia o seu argumento no fato de que a expressão “tua descendência” está no singular (referindo-se a Cristo) e não no plural (seria uma referência a filhos e netos). Isso demonstra que ele confiava na acurácia verbal e na inspiração das Escrituras.
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8.10 Por que a inspiração verbal é fundamental?
Porque a Bíblia (e a língua em geral) consiste de palavras. Se não se pode confiar nas palavras, não se pode confiar em nada. Um juiz deve fundamentar a sua sentença3 nas palavras da Lei. Um testamenteiro precisa se fundamentar na exatidão das palavras do testamento para cumprir sua tarefa. Se as pa-lavras não definirem um significado exato, então as sentenças e declarações não têm valor.
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8.11 A inspiração estende-se a toda a Bíblia ou apenas às partes doutrinárias?
A Bíblia inteira. Alguns traduziram 2 Tm 3:16 errado: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa. . . ”. Essa tradução está incorreta. O correto é: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino. . . ”. Poder-se-ia argumentar que aqui se refere apenas às escrituras do Antigo Testamento. Mas Paulo escreveu em 1 Coríntios 2:13: Coisas, “As quais [nós] também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina”. Ao dizer “nós” ele inclui os outros apóstolos.
Além disso, está escrito em 1 Timóteo 5:18: “Porque diz a Escritura”. A essa expressão seguem-se duas citações. Uma é de Deuteronômio e a outra do Evangelho de Lucas. Isso significa que ambos, Antigo e Novo Testamento, são referenciados como partes da “Escritura”.
De igual modo, Pedro se refere aos escritos de Paulo da mesma forma que às outras escrituras (2 Pe 3:16) — o que implica que os escritos de Paulo são inspirados.
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8.12 A Bíblia afirma ser a Palavra de Deus?
Sim, absolutamente. A frase “Assim diz o Senhor”, ou similar, ocorre cerca de 700 vezes só no Pentateuco e ainda:
- em torno de 400 vezes nos livros históricos;
- em torno de 400 vezes nos profetas;
- dessas, em torno de 150 vezes só em Isaías.
Em Ezequiel encontram-se expressões como “a palavra do Senhor veio a mim, dizendo” e semelhantes em torno de 350 vezes.
Finalmente, no Novo Testamento a expressão “está escrito” ocorre cerca de 80 vezes. Não há nenhum outro livro que reivindica, mesmo remotamente, ser a Palavra de Deus como a Bíblia o faz.
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8.13 Quais realmente são inspirados, os escritos originais, as cópias manuscritas, ou nossas traduções?
Os escritos originais, ou seja, os textos como eles foram escritos por Moisés, Davi, Paulo e os outros escritores.
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8.14 Mas os manuscritos copiados não estão repletos de erros?
Os textos originais do Antigo Testamento foram copiados em manuscritos com grande cuidado e precisão. Isso foi assegurado por meio de várias técnicas. Por exemplo, era contado o número de letras em uma página. Se as letras na cópia não estivesse na mesma quantidade que no original, uma nova cópia era feita e os mesmos testes eram feitos novamente.
Abundam evidências da precisão da transmissão. Até 1947, os mais antigos manuscritos do Antigo Testamento conhecidos eram de cerca de 1.000 d.C. Os críticos da Bíblia afirmavam que esses manuscritos deveriam ser muito imprecisos, por tantos séculos terem se passado desde sua autoria. A famosa descoberta dos rolos em Qumran, no mar morto em 1947, provou que eles estavam errados (os críticos, não os manuscritos). As cavernas em Qumran continham cópias de todos os livros do Antigo Testamento (exceto Ester) de 100-200 anos antes de Cristo. Uma comparação cuidadosa mostrou que esses manuscritos eram praticamente idênticos, até então, aos conhecidos que datavam cerca de 1.000 d.C.
É verdade que há diferenças entre os manuscritos do Novo Testamento, mas essas diferenças não são fundamentais para a doutrina cristã. Além do mais, todas essas nuances podem ser explicadas. Nenhum outro livro da mesma idade tem, nem de perto, um tão grande número de manuscritos disponíveis (nove manuscritos das Guerras da Gália de César, apenas um de Tácito, contra 5.500 partes da Bíblia), nem tão antigos: alguns fragmentos do Novo Testamento datam de cerca 150 d.C.
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8.15 Mas as traduções não são muito imprecisas?
Algumas delas, sim. Não deveríamos usar as traduções modernas interpretativas, nem as que procuram melhorar a Bíblia — apenas porque os tradutores não conseguem compatibilizar as declarações bíblicas com suas próprias ideias preconcebidas.
Devemos nos esforçar para usar uma tradução a mais próxima possível do texto original.
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8.16 Então uma Bíblia em português não é a Palavra inspirada de Deus?
Devemos observar que o Senhor e os escritores do Novo Testamento também usaram uma tradução: a Septuaginta, ou seja, a tradução grega do Antigo Testamento originalmente em hebraico. Eles citaram trechos dessa tradução e disseram: “está escrito”. Portanto, podemos confortavelmente confiar em uma boa tradução e aceitá-la como a Palavra de Deus, apesar dela não ser inspirada.
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8.17 O Senhor comentou se o Antigo Testamento é ou não inspirado?
Sim, Ele o fez. Muitas vezes até. Ele usou o Antigo Testamento como autoridade absoluta (veja 8.7). Ele colocou as palavras do Antigo Testamento no mesmo nível que as Suas próprias Palavras (compare Mt 5:18 com Mt 24:35).
Ele se referiu a Adão e Eva, Caim, Noé, Moisés, Davi, Jonas etc., todas as vezes apresentando as narrativas do Antigo Testamento como absolutamente verdadeiras e possuindo autoridade. Esses escritos foram para Jesus a base para uma resposta oficial e definitiva para todas as questões da vida (a ressurreição, o casamento, o divórcio e muitos outros assuntos).
Finalmente, Ele se apresentou a Si mesmo como o tema de “todas as Escrituras” (Lc 24, 27).
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8.18 Como sabemos que o Novo Testamento também é inspirado?
Diversos escritores do Novo Testamento reconheceram os escritos uns dos outros (1 Tm 5:18; 2 Pe 3:15,16) e os colocaram no mesmo nível que as “Escrituras” do Antigo Testamento. Veja 8.11.
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8.19 Como sabemos que os livros certos foram escolhidos para compor a Bíblia?
Os escritos inspirados tinham tal poder espiritual que se recomendaram a si mesmos. Homens guiados pelo Espírito Santo reconheciam que lidavam com escritos santos e inspirados (muitos dos quais declaravam explicitamente ser a Palavra de Deus).
Interessantemente, o Senhor se referiu aos “profetas”, aos “salmos” e às “escrituras” como coleções conhecidas e reconhecidas (p. ex. Mt. 26:56, Lc 24:27), assim como o fizeram os escritores do Novo Testamento.
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8.20 Mas não existem contradições na Bíblia?
A Bíblia coloca o homem sob a Luz de Deus. Por isso, a tendência natural do homem é odiar esse livro e procurar contradições nele. No entanto, 90% das pseudo‑contradições encontradas são apenas fruto da ignorância ou de más intenções.
Existem dificuldades reais, como diferenças entre os rela-tos dos evangelhos ou diferentes descrições dos mesmos even-tos nos livros dos Reis e Crônicas. Aqui é uma questão de pedir a Deus para nos ajudar a entender o plano divino das Escrituras. Quando o fizermos, as dificuldades desaparecerão e compreenderemos a beleza da inspiração. Então se tornará claro que as dificuldades estavam na intenção divina de nos mostrar diferentes aspectos da vida de Seu Filho ou de Seu povo.
Em casos muito raros, um erro de cópia pode ter ocorrido: em 2 Reis 8:26, por exemplo, é dada uma idade de 22 anos, enquanto em 2 Crônicas 22:2, a idade mencionada é de 42 anos. Mas a nossa fé não se baseia nesses detalhes.
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8.21 E quanto às palavras ditas por pessoas más e registradas na Bíblia?
A Bíblia contém palavras como “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1 Co 15:32). Tais versículos não são a expressão da mente ou da verdade de Deus, mas são reais e inspirados: eles nos dizem que há pessoas que pensam e falam desse modo.
Também são registradas declarações de Satanás na Bíblia (no livro de Jó e nos evangelhos). Deus as usa para explicar o papel de Satanás, o que ele é capaz ou incapaz de fazer, o que Deus faz com ele e a vitória do Senhor sobre ele. O registro das palavras de Satanás é absolutamente inspirado.
As mentiras faladas pelos filhos de Jacó ao seu pai sobre o destino de José também são textos inspirados. Eles nos mostram o coração humano, o motivo da disciplina de Deus e a determinação de Deus de trazer a graça apesar da maldade humana.
O livro de Eclesiastes contém explicações difíceis de serem aceitas. Uma grande parte desse livro não é a revelação da vontade divina. Mas expõe o pensamento humano “debaixo do sol”. Isso tudo é inspirado e real: Deus revela por meio disso a situação do homem e nos mostra o que o homem pensa.
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8.22 Em resumo, o que a Bíblia diz sobre si mesma?
A Bíblia afirma claramente que é a Palavra de Deus: isso implica plena inspiração textual e, portanto, sua infalibilidade. Deveríamos dar graças a Deus por Ele ter se agradado em revelar-se ao homem de forma tão confiável. A Bíblia é o ponto mais seguro do universo: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar” (Lc 21:33).
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8.23 Mas podemos confiar no testemunho que a Bíblia dá de si mesma?
Sim, e só nele! Qualquer testemunho de terceiros seria bastante fraco. Se Deus se revelou (como todo cristão acredita) em Sua Palavra, então a Sua Palavra falará sobre e por si mesma. Evidência extrabíblica só prejudicaria sua inerente autoridade. A única autoridade que pode nos ensinar se a Bíblia é inspirada, e exatamente o que isso significa, é justamente a própria Bíblia! O Livro de Deus fala por si.
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