A Igreja hoje
7.1 O que significa a palavra “Igreja”?
A palavra grega “ecclesia”, que é traduzida como Igreja, significa “chamados para fora”. A Igreja não tem nada haver com esse mundo. Ela pertence ao Céu. Ela foi chamada para fora desse mundo e pertence a Cristo.
7.2 O que é a Igreja?
A Palavra de Deus só conhece uma Igreja. Ela consiste de todos os cristãos verdadeiros, que ouviram o evangelho da salvação e creram (Ef 1:13). Eles foram acrescentados e juntados a um corpo, não por meio de uma associação à alguma organização, mas pelo Espírito Santo (At 2:47; 1 Co 12:13; Ef 1:23).
7.3 Quando ocorreu o início da Igreja?
A Igreja foi formada no dia do Pentecostes, ou seja, 50 dias após a ressurreição do Senhor (At 2).
Por que não mais cedo?
A Igreja não podia ser formada mais cedo, pois Cristo tinha que morrer, ressuscitar e ser glorificado antes que o Espírito Santo viesse à terra (Jo 7:37-39). Em Mateus 16, a Igreja ainda não existia; ela ainda precisava ser construída: “sobre esta pedra [tradução mais literal: rocha] edificarei a minha Igreja” (v. 18).
Por que não mais tarde?
Alguns pensaram que a Igreja surgiu mais tarde, pois no dia do pentecostes apenas os judeus estavam presentes. Os crentes das nações foram acrescentados mais tarde (At 10 e 11). Mas o início da Igreja foi de fato no dia de Pentecostes (At 2), pois lemos no final do capítulo que “todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar.” Portanto, a Igreja já existia.
7.4 A Igreja já era conhecida no Antigo Testamento?
Não. O mistério do Cristo e Sua Igreja ainda não tinha sido dado a conhecer (Ef 3:4,5). Foi a tarefa do Apóstolo Paulo proclamar essa verdade (Ef 3:2,7,8). É verdade que o Antigo Testamento contém figuras da Igreja (p.ex. Eva, Rebeca). Mas ninguém podia — sem a luz do Novo Testamento — reconhecer nessas figuras a verdade sobre a Igreja.
7.5 Quem pertence hoje a essa Igreja?
Todos que creram no evangelho de sua salvação e foram, assim, acrescentados a um corpo (Ef 1:13; 1 Co 12:13), ou seja, esses que se converteram ao Senhor Jesus — tanto do povo de Israel quanto das nações.
7.6 Como podemos nos tornar membros do corpo de Cristo?
Para tal não precisamos fazer nada. Quem crê no evangelho já é um membro da “Igreja do Deus vivo”, a única Igrejaque podemos achar no Novo Testamento. Não precisamos, primeiro, nos tornar membros de alguma organização ou “igreja”. Cada crente legítimo é e permanece um membro do corpo de Cristo (1 Co 12:12,13).
7.7 Por que o Novo Testamento usa figuras para descrever a Igreja?
Como você explicaria o que é um avião a um pigmeu na floresta tropical que nunca viu um avião? Sem dúvida você usaria figuras que ele conhece como: um avião se parece com um grande pássaro, mas é composto de metal e não pode pousar nas árvores, bebe gasolina ao invés de água, e assim por diante. De maneira semelhante, Deus usa figuras que nos são familiares (corpo, noiva, casa) para explicar o que é a Igreja.
7.8a O que significa quando a Igreja é descrita como: Corpo de Cristo?
Quando Deus fala que a Igreja é um corpo, isso significa, segundo 1 Coríntios 12, que:
- todos somos diferentes, assim como os membros de nossos corpos são diferentes e têm distintas funções;
- há uma unidade, assim como os membros de nossos corpos formam juntos uma unidade;
- Cristo é o Cabeça da Igreja (veja 3.10). Esse é o fato mais importante.
7.8b O que significa quando a Igreja é descrita como: Casa de Deus?
Em uma casa todas as coisas devem ser organizadas como o dono da casa as quer. Assim também é na casa de Deus:
- nela existe uma ordem divina que deve ser observada (1 Tm 3:15);
- nela é manifesta a glória do Senhor da casa e Ele é honrado (Sl 26:8);
- nela tudo deve ser santo (Sl 93:5).
As passagens referenciadas dos salmos se referem, naturalmente, ao templo de Deus no Antigo Testamento. Contudo, elas mostram que a honra, glória e santidade pertencem à casa de Deus. A Igreja é hoje a morada de Deus (Ef 2:19-22).
7.8c O que significa quando a Igreja é descrita como: Noiva de Cristo?
A figura da noiva se refere a uma afeição e a um relacionamento íntimo e indissolúvel (Gn 2:24). Ela nos mostra que há um relacionamento de amor entre Cristo e a Igreja (Ef 5:25). Essa afeição da Igreja deve ser indivisível — deve ser apenas para Cristo (2 Co 11:2). A noiva só tem um grande desejo: a vinda do noivo! “Amém, vem Senhor Jesus” (Ap 22:17,20).
7.9 O que queremos dizer quando falamos da “igreja em …”
Nós precisamos entender que a Igreja de Deus pode ser vista em seu aspecto global (Ef 1:22,23) ou no seu aspecto local (1 Co 12:27). A Igreja de Deus em um determinado lugar (= aspecto local) é a expressão da Igreja de Deus como um todo (= aspecto global).
A Igreja de Deus em um lugar, por exemplo, em Antioquia, consistia de todos os crentes em Antioquia. Ela também era uma parte da Igreja de Deus (veja 7.2).
- Antigamente, no tempo do Novo Testamento, isso era facilmente reconhecível, pois todos se reuniam de acordo com o mesmo princípio. Quando eles se tornaram numerosos demais para se reunirem em um só lugar, eles passaram a se reunir em diferentes casas, mas o faziam em comunhão uns com os outros. Eles eram conhecidos apenas como cristãos e nenhum descrente ousava se associar a eles (At 5:13).
- Hoje isso é muito mais complicado. Mas mesmo assim os princípios de Deus ainda são aplicáveis. As pessoas fundaram igrejas, comunidades, organizações, seitas e assim por diante, introduzindo associações diferentes do que ser um membro do corpo de Cristo. Como então, podemos, agora, ver ou mostrar a Igreja de Deus em um lugar? Apenas reunindo-nos embasados na Bíblia com outros que também têm esse desejo. Mas precisamos estar conscientes que esses, que estão se reunindo, não são necessariamente toda a igreja da localidade.
7.10 O que significa “se reunir ao nome do Senhor”?
Um cristão gostaria, em princípio, de fazer tudo em nome do Senhor, até comer e beber (Cl 3:17). Mas se gostaríamos de nos reunir ao Seu nome (Mt 18:20), o Senhor precisa ser o ponto central de nossa reunião. Ele precisa ter a direção e estar no centro de nossas atenções. Nós só podemos nos reunir ao nome do Senhor quando reconhecemos a Sua autoridade. Em resumo:
- “onde”: um lugar que o Senhor escolheu (Dt 12);
- “dois ou três:” o número mínimo, decidido por Deus, para ser um testemunho para Cristo;
- “estão reunidos”: a força divina (reunidos por meio do Espírito Santo);
- “reunidos”: uma unidade divina;
- “ao meu nome”: o nome divino do Senhor Jesus que reúne;
- “ali estou”: a presença da pessoa divina: Cristo;
- “no meio deles”: o centro divino.
Resumindo podemos dizer, que para nos reunirmos de acordo com Mateus 18:20 é preciso que:
- o Senhor seja o ponto central da reunião;
- o Corpo de Cristo seja a base (ou: a esfera) de reunião;
- a autoridade do Senhor seja reconhecida por meio da separação do pecado.
7.11 O que é reunião como Igreja?
É uma reunião na qual “toda a igreja” em uma localidade se reúne (1 Co 14:23), e isso “como igreja” (1 Co 11:18). Quando dizemos “toda a igreja”, isso significa, naturalmente, todos que possam ou queiram se reunir. O Novo Testamento dá, pelo menos, três propósitos para se reunir:
7.12 Quem conduz as reuniões? Essa é a tarefa de um pastor? Ou de um ancião?
Quando crentes se reúnem ao nome do Senhor (Mt 18:20), Cristo deve ser o ponto central (veja 7.10). Ele conduz tudo. Não é uma reunião que é conduzida por uma ou mais pessoas. Cristo tem a autoridade e o Espírito Santo age e conduz como Ele quer (1 Co 12:4-6,11). Assim cada irmão (visto que as irmãs estão em silêncio na igreja; 1 Co 14:34) deve estar pronto para ser usado pelo Espírito. Ele cumpre com essa tarefa ao propor um hino, ao orar em voz alta ou falar para edificação (1 Co 14:26-33).
7.13 Quem deve ministrar a Palavra?
Por “ministério da Palavra” (At 6:4) as Escrituras compreendem pregar e ensinar a Palavra de Deus aos crentes. Isso deveria ser feito pelos que receberam um dom para tal (mestres e pastores; 1 Co 12; Rm 12), e que, do mesmo modo, foram eles mesmos dados como dons à Igreja (Ef 4). Esse ministério também pode ter um caráter profético. Este consiste em uma Palavra de Deus dita no tempo certo e que toca os corações e consciências dos ouvintes.
A Palavra de Deus desconhece igrejas nas quais uma pessoa apenas, “um pastor”, ministra a Palavra. Assim também havia em Antioquia vários “profetas e mestres” (At 13:1). Paulo diz aos coríntios: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina . . . Faça-se tudo para edificação”(1 Co 14:26). Tudo deve ser feito em amor e em santo temor que a presença de Deus traz consigo.
7.14 Qual é a diferença entre dons e cargos?
Dons são capacidades espirituais, por exemplo, os de mestres ou evangelistas. Por cargos, entendemos as tarefas de diáconos e anciãos (presbíteros), que são sempre mencionados no plural
Dons são para todo o Corpo de Cristo (Ef 4:11,12). Assim, por exemplo, um mestre pode ensinar em outras cidades ou países. Em contraste, cargos se referem apenas a um local: “de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros (anciãos)”(Tt 1:5), e: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, . . . apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós” (1 Pe 5:1‑2).
7.15 Por que hoje não é mais correto insti-tuir anciões?
No Novo Testamento os anciões sempre eram instituídos pelos apóstolos (At 14:23) — ou pelos que receberam esse encargo diretamente de um apóstolo (Tt 1:5). Hoje não temos mais apóstolos (pois esses tinham que ter visto o Senhor — At 1:21‑22; e também At 9:3-6 junto com 1 Co 15:8). Portanto, não existem mais pessoas encarregadas pelos apóstolos que pudessem instituir anciões. Mas ainda existem varões que têm as características ou qualificações de anciões (1 Tm 3:1-7). Os que atendem a esses critérios podem também exercer as tarefas de anciões (1 Pe 5:2; At 20:28).
7.16 Quais dons são mencionados no Novo Testamento?
Em Efésios 4 são mencionados 5 importantes dons que Cristo deu:
- Apóstolos — homens que viram o Senhor (At 1:22; 9:4,5) e tinham uma autoridade especial ao agirem como enviados do Senhor.
- Profetas — esses que profetizavam (ou seja, que repassavam a Palavra de Deus ao povo, aos crentes). Antes do Novo Testamento estar completo, os profetas recebiam revelações (Ef 3:5). Hoje a Bíblia está completa. Por isso não há mais novas revelações. No entanto, ainda existe o ministério profético: ele consiste em direcionar uma Palavra de Deus, que é apropriada para aquele determinado momento, para a edificação de outros crentes (1 Co 14). Mas essa palavra se baseia na Bíblia e por isso não é uma nova revelação. Havia também mulheres que profetizavam (At 21:9), mas em suas áreas de atividades e não, naturalmente, na Igreja (1 Co 14:34).
- Evangelistas — levam aos perdidos o Evangelho e os dire-cionam ao Senhor e à Igreja. Um bom exemplo é Felipe, o evangelista (At 21:8), e a sua atividade em Atos 8.
- Pastores — ocupam-se com as pessoas de forma indivi-dual, assim como um pastor se ocupa com as ovelhas. Hoje muitos entendem por pastor um “tudo em um”. Mas essa não é a tarefa de um pastor como descrita na Bíblia.
- Mestres (professores) — têm a capacidade de ensinar a Palavra de Deus, de modo que os corações dos ouvintes se aqueçam e ardam para a verdade, a Pessoa do Senhor Jesus (Lc 24:27,32).
Além desses, ainda existem muitos outros dons (1 Co 12 e Rm 12). Devemos também notar que em nenhuma dessas passagens há uma lista completa de todos os dons.
7.17a O papel dos sinais e milagres. O que eles significavam no início?
Por que Deus deu dons miraculosos? Para evangelização? Para espetáculos emocionais? Ou para diminuir os sofrimentos dos crentes? Para nenhuma dessas razões.
Deus deu sinais para manifestar que Ele fez um novo início. A era da lei tinha passado. Deus formou a Igreja por meio do Espírito Santo. Por isso, Ele deu aos discípulos no dia do Pentecostes (no dia em que a Igreja nasceu; 7.3) a capacidade de falar em línguas estrangeiras, que eram entendidas pelas pessoas presentes. Quem podia negar que essa era uma obra de Deus?
Também precisamos reparar que os idiomas (ou línguas) era um sinal para os judeus (1 Co 14:21). Por vezes ocorriam curas (p. ex. At 3), não para diminuir os sofrimentos dos crentes, mas para dar aos incrédulos um sinal (At 4:16,30; Hb 2:4).
7.17b O papel dos sinais e milagres. O que eles significam hoje?
Os dons miraculosos e os sinais eram para o início (Hb 2:3‑4). Eles eram a comprovação visível que a Igreja era uma obra de Deus, algo totalmente novo, um novo começo. É claro que Deus ainda pode fazer milagres hoje, e Ele o faz. Mas isso é algo totalmente diferente do que exercer os dons de sinais.
E quanto às línguas? Deixe-me perguntar-lhe: você conhece uma pessoa que sabe falar um idioma, sem nunca o ter aprendido (é exatamente isso que ocorreu em Atos 2)? E onde pessoas falam “em línguas”, eu pergunto:
- Eles respeitam as “regras do jogo” de 1 Coríntios 14?
- Toda contribuição é traduzida (1 Co 14:13,27)?
- As “línguas” são usadas como sinais para descrentes (1 Co 14:22)?
- As mulheres estão em silêncio na igreja (1 Co 14:34)?
Quando Deus dá um dom (que é descrito no Novo Testamento), nós devemos reconhecê-lo. Mas acautelemo-nos de enganações, de falsos dons, não praticados de forma bíblica, mesmo que sejam louvados como “dons”.
7.18 O que significa a “ruína (ou decadên-cia) da Igreja”?
Essa expressão significa que as coisas hoje são totalmente diferentes de como originalmente estavam segundo a vontade de Deus. Os desígnios de Deus, no entanto, não mudaram e a Igreja ainda é o Corpo de Cristo (Ef 4:4). Mas o homem fracassou muito quanto à realização e manifestação práticas da Igreja. Muitos se tornaram membros de alguma organização religiosa — ao invés de simplesmente se manterem como membros do corpo de Cristo (7.6). Em muitos lugares introduziu-se o princípio de um pastor apenas. E mais, hoje existem muitos males no cristianismo professo:
- mal eclesiástico, por exexmplo, “seitas” (Gl 5:20);
- mal doutrinário (sobre Cristo, Sua pessoa, Sua encarnação, Sua humanidade, Sua obra de redenção, Sua mensagem de salvação, etc.), também a negação da inspiração verbal da Bíblia (veja capítulo 8);
- mal moral, que é tolerado em diversas congregações (1 Co 5; fornicação, adultério, relação íntima antes do casamento, etc.).
Parecemos estar em uma espiral descendente. Em muitas comunidades cristãs, nem mesmo ocorre a necessária prática da separação do mal.
7.19 Como ainda podemos manifestar a unidade cristã nesse tempo de ruínas e fragmentação?
O homem estragou tudo? Sim, mas isso não significa que é impossível praticar os princípios bíblicos. Mesmo que os homens criem organizações cristãs, podemos simplesmente fazer o que a Bíblia diz: reunir-se ao nome do Senhor Jesus (Mt 18:20), sabedores que somos membros do Corpo de Cristo (1 Co 12:12,13).
Ore; e o Senhor poderá mostrar-lhe outros crentes que O reconhecem como Senhor e querem obedecê-lO (2 Tm 2:22). Reúna-se com esses e coloque (de acordo com o seu conhecimento e consciência) em prática o que a Bíblia ensina. Isso não significa que você está criando uma nova igreja. Deus já criou a Sua Igreja há 2000 anos e ela é suficiente, Ele não quer outra. Hoje nós só precisamos reconhecer o que Ele fez e nos comportarmos de acordo.
7.20 Quem pode ser recebido para o partir do pão?
Todo crente — que não esteja vivendo associado ao pecado. Por que todo o crente? Muito simples: porque em princípio todos os membros do Corpo de Cristo têm o privilégio de tomar parte no partir do pão (1 Co 10:17). E quando há uma situação impeditiva? Como isso pode ocorrer? Principalmente por três motivos:
- Mal moral: Por exemplo o homem em 1 Coríntios 5 teve que ser colocado para fora por causa de fornicação. Ou seja, ele não pôde mais ter comunhão na comunidade cristã, e portanto, não podia mais tomar parte na Ceia do Senhor.
- Mal doutrinário: Se alguém não trouxer a doutrina de Cristo (2 João 9-11), não pode ser recebido em casa nem ser saudado, muito menos pode-se comer a Ceia do Senhor com ele. Também a má doutrina — que a Escritura nomeia como fermento (Gl 5:9) — impede a participação na Ceia.
- Ligação com o mal (2 Tm 2:21): Quem saúda um herege (2 Jo 9-11) “tem parte nas suas más obras”. Aqueles que visitavam os templos dos ídolos em Corinto, por meio disso (quisessem ou não) participavam da mesa dos demônios (apesar deles mesmos não acreditarem nos ídolos, 1 Co 10:19-22). Veja também 1 Coríntios 15:33 e Apocalipse 2:14.
7.21 Qual é o relacionamento entre as igrejas locais?
Uma igreja local, ou testemunho/manifestação local da Igreja, é uma parte de toda a Igreja de Deus e uma manifes-tação dela (1 Co 1:2). Igrejas locais, portanto, operam juntas em harmonia, do mesmo modo como as diferentes partes do corpo humano trabalham juntas, elas não combatem entre si. É evidente que o Corpo não é formado por igrejas, mas por indivíduos crentes — mas são todos membros do único Corpo: “Há um só corpo” (Ef 4:4), e há uma cabeça no Céu — Cristo. Ele deseja conduzir os crentes e as igrejas em harmonia de acordo com os Seus pensamentos.
A igreja local é apenas a expressão e representação da única Igreja de Deus (1 Co 12:27, veja também 7.9). Quando uma igreja local toma uma decisão, por exexmplo, sobre o recebimento ou sobre a disciplina de um crente, essa decisão é válida para todas as outras igrejas. No céu essa decisão é reconhecida: “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu” (Mt 18:18). Paulo fala repetidamente que suas instruções aos coríntios eram válidas para todas as outras localidades (1 Co 1:2; 4:17; 7:17; 11:16).
7.22 O que é a disciplina exercida pela igreja?
O objetivo da disciplina na igreja é a restauração da pessoa que agiu de uma forma não condizente com o ensino cristão. O tipo da disciplina, a ser usada, depende de cada caso. Existem diferentes tipos de disciplina:
- Correção de uma pessoa que foi surpreendida em um delito: Gálatas 6:1;
- Admoestar e se afastar de pessoas que andam desordenadamente: 1 Tessalonicenses 5:14; 2 Tessalonicenses 3:6,14‑15;
- Correção em público: 1 Timóteo 5:20; Gálatas 2:11-14;
- Notar, prestar atenção aos que provocam dissensões: Tito 3:10,11; Romanos 16:17;
- Proibir a fala pública nas reuniões da Igreja: 1 Timóteo 1:3‑4; Tito 1:10‑11;
- Uma conversa pessoal quando um irmão pecar contra outro: Mateus 18:15-17;
- Desligamento de toda comunhão cristã. Essa é a forma mais séria da disciplina na igreja. A igreja precisa se humilhar e admitir que não pode fazer mais nada e entregar o caso nas mãos de Deus (leia 1 Coríntios 5).
7.23 O que é uma seita?
Essa palavra é usada com diferentes significados. Originalmente ela descrevia uma escola ou um partido que era baseado sobre as opiniões dos fundadores. Seitas, nesse sentido, originam-se quando uma doutrina é criada (ou uma doutrina bíblica é supervalorizada) e para pertencer a essa escola ou partido é necessário aceitar essa doutrina, e semelhantemente, obedecer ao guia desse grupo. Assim era em Corinto: lá ocorreu a tendência de se escolher um mestre e de segui-lo (1 Co 1:11-13; 3:3-5). Havia o perigo desse espírito de grupo formar seitas (veja 1 Coríntios 11:18-19).
Na linguagem cotidiana, diversos grupos cristãos (por vezes todos) são hoje chamados de seitas — normalmente com um tom depreciativo (veja At 24:5,14; 28:22).
O que faz do ponto de vista bíblico um grupo de cristãos ser uma seita ou ter uma atitude sectária? Principalmente duas coisas:
- Um caso é criar uma organização em que apenas após fazer parte dela pode-se ter comunhão cristã com seus membros.
- O outro caso é exigir daqueles, que querem ter parte na comunhão cristã, não as condições bíblicas como pureza no andar, doutrina e associação, mas condições extrabí-blicas como o uso de determinadas roupas ou outras leis e proibições.
7.24 Devemos pertencer a uma denominação?
Se você pertence a uma denominação (uma organização humana com ou sem um nome), reflita, por favor, nisto: os antigos cristãos não tinham nenhum nome; eram simplesmente nomeados como “cristãos”, pois todos sabiam que eles tinham algo a ver com Cristo, porque tinham se convertido a Ele e seguiam os Seus interesses. Por que deveríamos receber um nome hoje se a Bíblia não nos ordena? Estejamos contentes em sermos apenas membros do Corpo de Cristo (7.6)! Todo o mais é negar a unidade desse Corpo.
7.25 Qual deve ser a nossa relação com cristãos que não se reúnem conosco?
Eles são nossos irmãos e irmãs em Cristo. Talvez não possamos partir o pão com eles, mas os amamos. Como podemos mostrar esse amor? Procurando o melhor para eles. Orando por eles e fraternalmente ajudando-os a edificarem-se e incentivando-os em suas vidas de fé.